Rio Negro

- Eu sei.. também devem haver anjos que não são propriamente bons.. É como em todo o lado.. - Encolhi ligeiramente os ombros

Mais uma mudança de humor repentina. Como ele me deixava mentalmente zonza e confusa com as suas mudanças de humor mais rápidas que a luz. Suspirei e coloquei os livros no meu colo, retirando-os de imediato ao sentir dores na zona do ventre. Era como se estivesse algo a empurrar a minha barriga para a frente de forma assustadora. Eu fiquei aterrorizada não só com as dores, mas com a impressão que aquilo me dava só de olhar. Como é que era aquilo possível?

- Isso é um bocado impossível... é como se tivesse dois dinossauros famintos a crescer dentro de mim - Disse de olhos fechados e com algum custo, fazendo então o que ele disse, devagar. Eu só conseguia contorcer-me toda, estava a doer-me tanto. Eu tinha as mãos sobre a barriga, que se mexia bastante e crescia. Parecia tão irreal

- Ele? Já nem sei se é ele se são eles, oh meu deus - Afirmei muito depressa com voz rouca, eram mais dores do que eu pensei ter neste momento. Respirei fundo e fechei os olhos tentando acalmar-me

- Ah pois.. Acho que vou acabar por ter a criança, ou as crianças sozinha.. - Suspirei quando sentia o bebé, ou os bebés a fazer aquilo mais calmamente, acabando por parar. Quando eu voltei a passar a mão na barriga, estava visivelmente maior o.O

suspirei. Procurar ajuda.. Eu nunca gostava de ter de pedir ajuda, nunca gostei de incomodar. Mas talvez teria de ser, nem que fosse só para o parto. Sentei-me devagar e acariciei a barriga. oh meu deus. De lisa ja nao tinha nada, e notava-se que tinha crescido

- Sim, obrigada.. - Sorri olhando para a pequena barriga. Nao era muito grande, mas para mim ja parecia enorme, parecia que ja estava de três meses credo

- Sim, quero - Disse com um pequeno sorriso, olhando novamente a barriga. E oficial, eu estou super grávida o.o

- Obrigado Xavier.. Por tudo.. E lamento a morte dos teus amigos, eu nem sequer sabia.. Juro que não - Afirmei sincera

Anuí e baixei o rosto, segurando-me a ele quando me desequilibrei. Antes que perguntasse, assegurei-lhe - Estou bem.. Podemos ir

Caminhei calmamente quase que colada a ele - E onde vamos?

- Hm, está bem - Anuí, caminhando então ao seu lado. Por mais normal e formal que ele estivesse a ser comigo, sentia-me quase que protegida e segura quando estava com ele. Era estranho, estranho para o que estava habituada. Um homem que num momento queria quase que me bater, e agora, está disposto a ajudar-me sem quaisquer problemas. As suas mudanças de humor deixam-me realmente zonza. Suspirei mais uma vez enquanto caminhávamos, acabando por olhar a pequena barriga que se via através da minha roupa justa

- Chamo-me Rebekah Stymest e tenho vinte e um anos. E eu não sou de cá... Eu sou de uma terra longínqua. Mas, fugi de casa. Os meus pais eram demasiado protectores, demasiado mesmo. Eram capazes de me seguir para todo o lado, e queriam que eu fosse toda querida, que fosse bailarina profissional. Sabes, ballet. E talvez até médica ou advogada, num futuro mais distante.. Mas eu não queria nada disso para mim, queria pensar por mim mesma, queria liberdade. Por isso fugi, e viajei sem destino. Obtive a liberdade que tanto queria.. E vim parar aqui - Sorri docemente enquanto o olhava