St. Patrick Street

Parei naquela rua que naquela hora estava pouco movimentada. Encostei-me a uma parede, com o skate pousado no chão, e tirei o maço de tabaco do bolso. Tirei um cigarro e acendi-o, deixando-me ficar ali.

Tinha acabado de sair do Starbucks, quando entrei por uma rua qualquer. Caminhei, caminhei e enquanto olhava em redor, bati novamente em outra pessoa. E essa pessoa não era nada mais, nada menos que o rapaz de há pouco. Deixei cair o café, mal me virei. - Desculpa.. outra.. outra.. vez?! - olhei para o chão. Que cena..

Olhei para Amy admirado. Não esperava encontrá-la novamente.
- Pois, parece que sim - mandei o cigarro para o chão e apaguei-o com o pé. Apercebi-me que o seu café caíra para cima das minha camisa. Boa, pensei sarcasticamente.

Olhei para a sua camisola e seguidamente desviei o meu olhar para o fundo da rua. Baah, definitivamente eu só fazia porcaria e hoje então, era a dobrar! O que será que me esperava este final do dia? Revirei os olhos. - Eish.. desculpa. - e eu só sabia dizer aquilo, está visto. - Só faço porcaria.. - murmurei.

Mordi o lábio, O café estava quente. Merda.Sacudi ligeiramente a camisa - Foi um acidente, não te preocupes - Respondi. O que vale é que eu já ia a caminho de casa.

Abanei a cabeça. Aquilo fora um acidente que poderia muito bem ter ser evitado. - Eu pago-te uma camisola nova.. sei lá.. - olhei para todos os lados. - Hum.. shh.. - eu também tinha cá uma sorte.

- Não é preciso, Amy. Uma máquina de lavar dá bem conta do recado - Respondi com um semi-sorriso. Mas acabei por me rir. Era impressão minha ou ela era uma trapalhona?

- Então eu compro-te a máquina de lavar! - segundos depois, pensei no que acabara de dizer. A sério? Comprar uma máquina de lavar? Revirei os olhos. Já me estava a enterrar toda. Como sempre.. Olhei para ele. - Não tem graça. É horrível o que te fiz à camisola.

Observei-a atentamente. Esperava que ela não estivesse a falar a sério.
- É apenas uma camisola, Amy - e nem era das minhas preferidas.
Desencostei-me da parede e peguei no skate.

Passei as mãos pela minha cara. - Mas.. mas.. eu sujei-te essa camisola toda. No mínimo.. - parei de falar. No mínimo o quê? Ia dizer uma estupidez qualquer, outra vez e dizer que em vez de uma máquina de lavar lhe comprava sei lá o quê? Mais valia ficar calada. - Baah.. - comecei a andar, até que escorrei em alguma coisa e caí de cu no chão. - Merda.. - murmurei.

Tentei não me desatara rir quando ela caiu. Ao invés disso aproximei-me dela e dei-lhe a minha mão - És assim o tempo todo, digo, desastrada? - Comentei divertido.

Levantei-me com a sua ajuda e agradeci baixinho. Depois passei as mãos pelas minhas mãos e seguidamente pelos cotovelos. Gemi qualquer coisa. - Ham.. acho que desastrada é o meu nome do meio. - sacudi a minha roupa. - Sou sempre assim, ou quase sempre. - suspirei.

- Estás bem? - Perguntei, fitando-a e ajudei-a a levantar-se - Bem me parecia que estavam a ser demasiadas vezes para ser coincidência.

Olhei para o meu cotovelo e fiz uma careta. - Estou sim.. - Aquilo tinha tudo sido por mero acaso e se não fosse este facto de ser uma desastrada, certamente que nunca mais o iria ver. - Pois é..

Dei uma última gargalhada. À sua própria maneira Amy conseguia ter um ar bastante engraçado.
- Começo a pensar se chegas bem a casa, ou para onde quer que vás. - Disse, sem realmente querer insinuar alguma coisa.

Cruzei os braços ao peito e mostrei-lhe a língua tal e qual uma criança de quatro ou quem sabe, cinco anos. Já há muito que não fazia uma coisa daquelas, era um facto. - Eu não sou assim tão.. trapalhona. Acho que sobrevivo.. quer dizer.. ham... bom, acho..

- Tens a certeza? - Perguntei num tom brincalhão, erguendo a sobrancelha - Sendo assim vou-me embora a confiar que chegas a casa sã e salva.

Comecei a pensar seriamente se era bom eu ficar ali sozinha. Eu não conhecia aquela rua, acho.. Cocei o couro cabeludo. - Ham.. acho que sim.

Sorri e coloquei o skate estendido no chão. Liguei o meu Ipod e coloquei um dos phones.
- Sendo assim, vemo-nos por aí - Respondi e comecei a deslizar rua a abaixo.

Acenei com a mão e murmurei um adeus qualquer. Depois segui pelo caminho contrário ao dele e comecei a caminhar dali para fora.

Encerrado.

Saímos do starbucks e fui caminhando sempre ao seu lado com atenção para o caso de lhe acontecer alguma coisa. - Se precisares de alguma coisa diz... - disse enquanto caminhávamos pelas ruas.

- Eu estou melhor, não te preocupes... Deves ter coisas mais interessantes para fazer e eu estou a incomodar, peço desculpa.. - Afirmei segurando-o de repente ao sentir tonturas

- Não estás a incomodar nada... - parei de falar de repente para a segurar. - Vês? Não estás bem ainda. - suspirei e segurei-a melhor contra mim. - E pára de pedir desculpa. - disse olhando-a.

- Desc... Ah! - Soltei uma pequena gargalhada segurando-me bem a ele - Eu sou assim, estou sempre a pedir desculpa - Afirmei esboçando um sorriso