A l e g r o, Jardim

Eu era tão, mas tão.. desastrada! Parei mal embati contra um rapaz que passava por ali. Olhei para todos os lados. Bonito Amy, além de teres atropelado um moço, ainda perdeste não um, mas dois cães! - Desculpa.. a sério.. Desculpa-me. - cocei o couro cabeludo e levantei-me.

Por sorte não caí. Apanhei o skate no ar e pû-lo debaixo do braço. Olhei para a rapariga que tinha vindo contra mim - Bem, não faz mal. Não aconteceu nada. Eu também estava distraído.

Olhei-o de alto a baixo, certificando-me que não o tinha aleijado, ou algo do género. Parecia que não.. Sacudi a minha roupa e voltei a olhar em redor. - Pois, sim.. mais uma vez desculpa-me.

Encolhi os ombros e um semi-sorriso apareceu na minha cara.
- Não é preciso desculpares-te. - Não sabia se a estava a empatar, por isso apenas disse um ligeiro adeus e voltei a pousar o skate no chão, começando a andar novamente.

Eu tinha ido contra ele, podia muito bem tê-lo magoado ou feito algo pior, claro que tinha que me desculpar! - Hum, espera.. - cocei a cabeça. - Tu viste.. tu viste para onde os dois cães que passaram por aqui, foram? - Certamente que ele não tinha visto, mas sempre valia a pena perguntar.

Parei ainda a tempo de a ouvir. Olhei para o outro lado do jardim, de onde eu tinha vindo - Vi um cão preto, naquela direcção. Apenas um - respondi - Perdeste os teus cães, foi? - Perguntei, lembrando-me que ela estava com uma quando chocámos um contra o outro.

- Obrigada.. - Suspirei. Encontrar um já não era mau de todo, mas, não podia acreditar que tinha perdido logo aqueles dois traquinas! Eu era tão.. arrg.. nem sei! - Perdi.. mas não são meus. - cruzei os braços ao peito. Ou seja, aquilo tornava-se numa situação ainda pior.

- Hum, então estás metida numa grande embrulhada - Disse, sem conseguir evitar dizê-lo num tom divertido - Se quiseres posso ajudar-te. Qual é a cor do o outro cão?

Fiz uma careta. Lá nisso ele tinha a total razão. - Não te importavas? - ergui o sobrolho. Agora não era boa altura dar uma de desconfiada. - É castanho.. tem muito pêlo, mesmo muito! Um deles tem uma coleira azul e o preto, rosa..

Abanei a cabeça, respondendo que não. Ouvi atentamente a descrição dos cães - Se vir algum deles digo-te - Só então me lembrei que não tinha maneira de o fazer. - Talvez precise do teu número de telemóvel para isso.

O meu número de telefone? Dei um passo atrás e quase que tropeçava numa pedra qualquer. Não era altura de ficar desconfiada, como eu ficava com toda a gente. O rapaz até parecia simpático. - Hum.. tudo bem. - eu não sabia muito bem o meu número, mas com algum esforço lá lhe disse.

Gravei o número dela no meu telemóvel e voltei a colocar-me sobre o skate.
- Eu vou por ali. Mando-te um sms se vir algum deles - respondi e apanhei velocidade no skate, até voltar ao trilho de alcatrão.

Assim que o vi seguir caminho, dei meia volta e corri, tentando achar algum dos cães. Só parei para pedir algumas informações ou fazer perguntas, mas, ninguém me sabia dizer nada. O que é que eu ia fazer, se não os encontrasse? Depois de descansar um pouco, continuei à procura.

Cheguei quase ao fim do jardim quando avistei o cão preto. Aproximei-me e confirmei, vendo a cor da sua coleira. O cão simpatizou comigo, o que tornou fácil aproximar-me ainda mais e pegar na sua coleira para que não fugisse. Mandei um sms à rapariga, afinal não ficara com o nome dela.

Assim que recebi a sms do rapaz, sorri de felicidade. Ele tinha encontrado Rose, pelo menos isso! Comecei a caminhar para trás, em direcção ao fim do jardim, quando vi Sparks. Corri até ele. O cão ainda tentou fugir, mas ficara preso numas plantas quaisqueres. Tirei-o dali e certifiquei-me que não estava magoado. Depois voltei a caminhar. Mal avistei o rapaz, aproximei-me. - Hey.. Hum.. muito obrigado, acho. - cocei o courco cabeludo.

Passei-lhe a coleira para as mãos e dei uma última festinha ao cão.Depois sacudi as mãos aos meus calções - De nada. Sou o Killian - Disse, inclinando a minha mão para a frente para um aperto de mãos.

Passei as duas coleiras para uma das mãos de modo a puder-lhe apertar a mão. Não sabia se devia-me apresentar, mas já que ele o fizera.. - Sou a Amy.. - sorri abertamente. - O teu nome é parecido com aquele capitão.. hum.. deixa para lá, é só mais uma patetisse minha!

Spoiler:

- Prazer em conhecer-te, Amy - Respondo. Olhei para ela de sobrolho erguido - Capitão? Hum, desculpa, não percebi essa.

Abanei a cabeça. Eu só abri aquela minha boca para dizer coisas totós, era esse o meu mal! - Não é nada.. isto é só televisão a mais. - fiz uma careta e seguidamente, passei a mão desempedida, pelo pescoço.

Esbocei um ligeiro Ahh e encolhi os ombros.
- Pois... Hum, foi bom conhecer-te, Amy. Vê se destas vez não os deixas fugir - brinquei e segui caminho com o meu skate.

Encerrado.

- Vou tentar não os deixar fugir novamente. - ri-me por uns momentos. Assim que o vi afastar-se dali, também eu me afastei. E desta vez, peguei firmemente em cada coleira, levando-nos aos três para fora daquele jardim.


Encerrado.

Tinha passado um mes desde a ultima vez que o tinha visto. Durante esse mes tinha vagueado pela cidade, tentando sair dela mas acabava sempre por voltar ao centro da cidade, nao conseguindo passar dali. Suspirei, encostando a cabeça a arvore onde estava encostada. Antigamente a natureza acalmava.me mas agora nem isso fazia, continuava com os nervos em franja e com saudades dele.

Passeava pelo jardim, sem um objectivo em concreto. Tentei apreciar as coisas e acima de tudo tentei sorrir, não parecendo muito "trombudo" ou coisa do género. Parei depois a meio do jardim e suspirei, olhando o céu de seguida.

Eu só podia estar a ter alucinaçoes até porque estava a ve.lo mesmo a minha frente, parado no meio do jardim a olhar para o ceu. Escondi o rosto sobre as minhas maos e deixei.me de estar de olhos fechados toda encolhida com as asas a cobrirem.me, podia ser que assim ele nao reparasse em mim

Tinha uma pequena voz a ecoar na minha cabeça, eu não estava ali sozinho, alguém me estava a ver. E eu conheço este alguém, é ela - Lydia? - Perguntei olhando em redor, andando numa direcção, sem saber bem onde ela estava e se era mesmo ela. Eu no fundo tinha quase toda a certeza que sim, que é ela, visto que eu nem conheço mais ninguém aqui