sala de estar e de jantar

- Sempre tive vontade de te beijar Ana. - passei a ponta da minha língua pelos seus lábios. - Mas não o vou fazer, tou à espera que me beijes tu... - gargalhei e beijei-lhe a ponta do nariz. Olhei para os seus lábios e não sei onde fui buscar forças para não a beijar ali.

Correntes elétricas percorreram-me o corpo com o toque da língua dele em mim - É melhor sentarmo-nos então. Não quero que te canses. - mordi-lhe o queixo, arrastando os dentes por aí acima até aos lábios. Mordisquei-lhe o lábio e pousei as mãos nos seus ombros.

- Porque é que não nos beijamos ao mesmo tempo Ana? - pressionei-a mais contra a parede e contra mim. Beijei-lhe os lábios muito ao de leve, como o nosso primeiro beijo na cozinha.

-A tua mãe não te põe de castigo por seres tão sexy? - aquela pressão do corpo dele no meu estava a fazer tudo menos bem à minha sanidade mental. Como é que ele conseguia ir de sexy de morte a doce e carinhoso? Pressionei os nossos lábios uns contra os outros e rondei com a língua pelos lábios dele, indicando que queria mais.

- Estava sempre de castigo assim. - Quando vi Ana dar sinal que queria mais sorri triunfante e aprofundei o beijo. - Ana... - disse entre o beijo. A minha voz era rouca, e tinha de me concentrar para falar direito. - Se continuarmos a provocar-nos desta maneira não vamos conseguir parar... - avisei olhando-a e distribuindo pequenos beijos pelo seu rosto.

-Sempre com um ego tão elevado, Juju. - beijei-o demoradamente, sendo parada por ele a meio - Eu sei desculpa. As minhas hormonas hoje não estão nada bem. - acariciei-lhe a face muito ao de leve - Quando a Molly acordar vou para casa... Tenho que me ir certificar que o Jordan ainda não lhe pegou fogo. - não queria nada ir-me embora. Queria estar assim como ele para sempre. Irónico. Como é que podíamos passar da implicância para isto?

- Não precisamos de parar só que..não sei se tens certeza que queres fazer isto, agora, aqui e comigo... como disseste que nunca tinhas estado com ninguém.. - olhei-a nos olhos e afastei-lhe o cabelo dos olhos mais uma vez. Eu nunca me tinha preocupado assim com nenhuma rapariga antes.- O Jordan? Quem é o Jordan? E porque haveria ele de pegar fogo à casa? - Não queria que ela pensasse que me estava a meter na vida dela, mas mais uma vez estava preocupado.

-Eu sei Justin. Não precisamos de parar mas tu também não precisas de ser assim tão sexy. - fiz beicinho, encolhendo os ombros quando ele me perguntou sobre o Jordan. Não costumava partilhar detalhes da minha vida privada com ninguém mas com Justin as coisas eram sempre tão diferentes - O Jordan é o parvo do meu irmão que não faz nada sem ser arranjar-me problemas a mim e à minha mãe. - acho que se o Jordan soubesse que eu estava com o Justin neste momento se passava da cabeça.

Enquanto ouvia o que Ana me contava atentamente abracei-a mantendo-nos assim durante muito tempo. - Como assim, vocês são irmãos mas não se dão? - perguntei confuso. Voltei a ajeita-la no meu colo e levei-nos de volta para o sofá sentando-a em cima de mim.

Abracei-o com força, inspirando o seu cheiro repetidamente. Ajeitei-me no colo dele quando nos levou para o sofá e olhei-o - Damo-nos, ele vive comigo. Só tem 14 anos. Mas está sempre a dar problemas desde que... - okay isto era um grande segredo para contar. Tinha tanto medo que ele deixasse querer de estar comigo e me excluísse como todos na escola faziam.

Ana parou a meio deixando-me sem perceber nada do que me estava a tentar dizer. - Desde que...desde o que Ana? - perguntei preocupado encostando-a mais a mim. - Quer dizer, se me quiseres contar é claro, mas sabes que podes contar comigo. - Olhei-a nos olhos e beijei a sua testa.

-Eu...eu tenho medo que depois de saberes não queiras estar mais comigo. Que achas que sou problemática. Quer dizer já é óbvio que sou, mas tenho medo que aches que vou estragar a tua vida. - mordi o lábio nervosamente, entrelaçando as minhas mãos uma na outra - É por isso que eu não tenho amigos. Por causa do meu passado. E agora que te encontrei tenho medo de perder. - sentia-me chocada comigo mesma por estar a conseguir dizer-lhe todas aquelas coisas. Normalmente era-me difícil desabafar.

Agarrei no seu rosto com as duas mãos obrigando-a a olhar-me nos olhos. - Princesa isso não vai acontecer. Ouve eu não sei o que se passa comigo, eu não sei o que sinto por ti...quer dizer conheci-te à dois dias e nunca me senti assim por ninguém Ana. Tu fazes-me ficar sem palavras, fazes-me corar e ficar envergonhado, o que és tu? Quem és tu? - perguntei espantado. - Eu nunca me senti assim por ninguém mas gosto, é como se tivesse encontrado uma pessoa e nunca mais a quisesse largar. - Acalmei-me e beijei os seus lábios levemente. - Isto para te dizer que não vou ser como as outras pessoas, quero ouvir-te e ajudar-te, estou aqui para ti e espero que fique contigo durante muito tempo. - Abracei-a com força para a acalmar também e para que ela se sentisse segura. - Estou aqui pequenina. - Beijei-lhe o cimo da sua cabeça e acariciei o seu rosto.

Um sorriso formou-se nos meus lábios ao ouvi-lo dizer-me todas aquelas coisas tão queridas - Eu sou só uma rapariga. Nada de especial. - ri baixinho. Passei os braços à volta da cintura dele e abracei-o durante tempo indeterminado - Não precisas de me largar. Eu não te quero largar. - dei-lhe beijinhos no queixo, acabando também por roçar lá o nariz de vez em quando. Encostei a cabeça ao peito dele e fechei os olhos. Precisava de me preparar mentalmente para que alguém soubesse do que se estava a passar com a minha família vindo da minha boca. Respirei fundo e olhei-o, sabendo que me ia ajudar - Justin, o meu pai está preso.

Abracei-a também e acariciei as suas costas enquanto ela permanecia calada. - Não és uma rapariga qualquer, podes ter a certeza. - sorri e peguei numa das suas mãos brincando com os seus dedos. Estava à espera que ela ganhasse coragem para me contar aquilo que tanto temia. Quando ela contou fiquei surpreso, nunca pensei que fosse uma coisa tão grave, mas eu podia lidar com isso. Tentei não parecer chocado e depois de algum tempo perguntei. - Há quanto tempo? - não sabia se este era o tipo de perguntas que se devia fazer a uma pessoa que se encontrava numa situação tão delicada como a de Ana, mas não podia permanecer mais tempo calado.

-Tu também és tudo menos normal. E desta vez digo-o no bom sentido! - sorri, fechando os olhos como que se isso me ajudasse a sentir melhor as carícias dele. Voltei a abri-los para estudar a expressão dele depois de lhe ter feito tamanha revelação. Notei que ele tinha ficado espantado mas agradeci-lhe mentalmente o facto de se estar a esforçar para não parecer muito - Há 3 anos. A Molly tinha 3 anos quando aconteceu. - só a memória entristecia-me de uma maneira inexplicável.

Não sabia o que dizer. - Mas foi...foi alguma coisa muito grave? - perguntei a medo não me querendo meter demais nos assuntos pessoais da família dela. Ajeitei-a melhor no meu colo e olhei para o relógio para ver as horas. A minha mãe e Edwin nunca mais voltavam, a fila para o médico de família devia ser enorme. Não sabia o que a minha mãe ia dizer se chegasse e me visse ali com Ana.

-Ele... - respirei fundo. Era-me tão difícil dizê-lo em voz alta, mas pela primeira vez na minha vida sabia que Justin era uma pessoa que me ia apoiar incondicionalmente - Ele assaltou um banco e uma pessoa acabou por morrer... - olhei para baixo - Mas eu sei que ele não o fez por mal. - disse com a voz a tremer - Ele só o fez porque precisava do dinheiro. Para nós. - continuei a respirar fundo para me impedir de chorar. Não queria fazê-lo. Chorar não ia resolver nada. Vi Justin a olhar para o relógio - Precisas que vá embora? Não te quero arranjar problemas.

- Não, não, de maneira nenhuma Ana! Por mim ficavas comigo aqui hoje... - Admiti e tentei abraça-la melhor para que se sentisse ainda mais segura. - Lamento imenso Ana... - Não sabia o que dizer nestas alturas, acho que nunca ninguém sabe o que dizer. - Mas se tu sabes que o teu pai não é má pessoa, que fez isso por casos extremos, vais ver que daqui a uns anos ele vai cumprir a sua pena e quando sair tudo voltará ao normal princesa. - Tentei tranquiliza-la o melhor que podia nesta situação. Não que fosse assim tão simples, mas não a aguentava ver assim.

-Acho que não... Eu nem fiz nada e só porque sou a filha sou mal tratada na escola. Ninguém se quer dar comigo. Mas também não faz mal... não preciso daquelas pessoas. - aconcheguei-me mais dele, sentindo o calor do pescoço dele no meu rosto - Eu também queria ficar contigo, mas não pode ser. Podemo-nos ver amanhã, ainda estou à espera da lasanha maravilha. - dei uma gargalhada. Sorri muito com as palavras amáveis dele - És tão querido Justin, estou contente por te ter encontrado. - corei levemente.

- Mas o que interessa o que as pessoas dizem ou quem olha Ana? Como disseste, tu não precisas dessas pessoas, elas não sabem nada sobre ti, não sabem o que aconteceu de verdade. - Encolhi os ombros e pensei o no quanto desejava que ela ficasse cá em casa. - Também estou contente de te ter encontrado Anastasia. - gargalhei baixinho. - E a lasanha...tens de me deixar treinar primeiro. 

-Mas tu sabes. - mordi o lábio e sentei-me direita no colo dele. Acariciei-lhe a face, percorrendo todo o seu contorno como que a conhecer cada canto - Porque é que gostas tanto de me chamar Anastasia? - passei com os dedos pelos lábios dele, inclinando-me para a frente para o beijar levemente - Okay eu deixo-te treinar.

- Sei e estou muito feliz por teres confiado em mim para me contar. - sorri-lhe e aprofundei um pouco mais o beijo quando passou os seus lábios sobre os meus muito ao de leve. - Anastasia dito por mim fica sexy. - pisquei-lhe o olho e beijei o seu nariz. - Eu levo-te a casa quando quiseres ir, a ti e à Molly está bem? - tudo para ficar mais cinco minutos com ela.

Sorri contra os lábios dele, deixando que um sorriso convencido se formasse nos meus - Anastasia é um nome sexy, não és tu que o fazes ser sexy. - afastei-me um bocadinho e deitei-lhe a língua de fora - Está bem, mas pode ser agora? Tenho mesmo que ir ver do Jordan. Ele também vai achar estranho eu estar fora tanto tempo. - procurei pela mão dele e entrelacei-a com a minha.

- É  como Justin... sente lá Justin. - disse de forma provocadora e beijei-a ao de leve mais uma vez. - Por isso sou eu que o digo de forma sexy. - brinquei e o meu sorriso acabou quando ela disse que tinha que ir. - Oh, está bem, eu entendo...Mas amanhã tens que vir ver o meu príncipe pequenino. - eu era um irmão tão babado. Deixei que ela se levantasse primeiro do meu colo para me levantar de seguida.